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Dinossauro primitivo nos pampas

06/06/2014 21:47

Dinossauro primitivo nos pampas

Pesquisadores brasileiros descobrem no Rio Grande do Sul espécie que viveu há cerca de 230 milhões de anos. O achado contribui para melhorar o conhecimento da anatomia dos primeiros dinossauros.

Dinossauro primitivo nos pampas

Reconstituição de ‘Pampadromaeus barberenai’ em vida. As características do animal sugerem que ele era relativamente pequeno e bastante ágil. (foto: Gabriel de Mello)

Todos sabem que os dinossauros dominaram o nosso planeta por milhões de anos. Um dos grupos que mais se destacaram foi o dos saurópodes (animais com cabeça pequena, corpo volumoso e cauda e pescoço compridos), que podem ser exemplificados pelo Maxakalisaurus, em exposição no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Algumas formas eram gigantescas, como o Argentinosaurus e oFutalognkosaurus, ambos da província de Neuquén, na Argentina, e cujo comprimento ultrapassava 30 metros.

O surgimento desses répteis colossais ainda está envolto em mistério. Mas uma descoberta realizada no Brasil aumenta o conhecimento sobre as primeiras espécies que acabaram por dar origem a esses gigantes. O estudo, liderado por Sergio Cabreira, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, Rio Grande do Sul, acaba de ser publicado na Naturwissenschaften, uma prestigiosa revista científica da Alemanha.

Afloramento no Rio Grande do Sul
A nova espécie de dinossauro foi descoberta em afloramentos localizados nas proximidades da cidade de Agudo, no Rio Grande do Sul. (foto: Sergio Cabreira)

Pampadromaeus barberenai é o nome da nova espécie. Pampadromaeus, em tradução livre, significa ‘o corredor dos pampas’, uma alusão à região onde o animal foi encontrado; barberenai é uma justa homenagem a um dos principais pesquisadores de vertebrados fósseis atuantes no Rio Grande do Sul, Dr. Mário Barberena.

O esqueleto foi encontrado espalhado por uma área menor que um metro quadrado, nas proximidades da cidade de Agudo, no Rio Grande do Sul.

Fósseis de Pampadromaeus barberenai
Rocha contendo a maior parte do esqueleto de ‘Pampadromaeus barberenai’. (foto: Sergio Cabreira et al/ Naturwissenschaften)

A rocha, de coloração avermelhada, é bem fina e possivelmente foi depositada entre 230 e 228 milhões de anos atrás por algum rio que existia na região naquela época.
 

Pequeno e ágil

Pampadromaeus – do qual se recuperou grande parte do esqueleto – não era um animal muito perigoso. Tinha um tamanho estimado em menos de 2 metros – que pode ser considerado pequeno, comparado ao dos saurópodes, que estão na mesma linha evolutiva da nova espécie. Pela sua dentição, composta de dentes em formato de folha, esse dinossauro deveria se alimentar de plantas.

Dentes de Pampadromaeus barberenai
O dinossauro recém-descoberto tinha dentes em formato de folha, o que sugere que ele era herbívoro. (foto: Sergio Cabreira et al/ Naturwissenschaften)

O seu esqueleto, ao contrário do observado em grandes herbívoros que surgiram bem depois, era comparativamente esbelto, com ossos leves, o que sugere que esse animal pode ter sido bastante ágil e um bom corredor (daí o seu nome).

A cabeça, raramente preservada em dinossauros antigos, tem aberturas muito amplas e seus ossos também são bastante delgados. A parte mais anterior do focinho é projetada para baixo, algo nem sempre visto nos dinossauros.

Crânio de Pampadromaeus barberenai
Vista lateral do crânio de ‘Pampadromaeus barberenai’, que tem aberturas amplas e ossos delgados. (foto: Sergio Cabreira et al/ Naturwissenschaften)

Os membros posteriores (as pernas) são bem mais desenvolvidos do que os anteriores (os braços), o que levou os pesquisadores a concluírem quePampadromaeus era bípede, ao contrário dos grandes saurópodes, que caminhavam sobre as quatro patas.
 

O mundo durante o Triássico

O nosso planeta era muito diferente há cerca de 230 milhões de anos atrás, quando oPampadromeus barberenai viveu nas terras que hoje chamamos de Rio Grande do Sul. Os continentes estavam todos reunidos em uma massa continental única chamada de Pangeia. Só esse fato faz uma enorme diferença, pois permitia que esse e outros dinossauros se locomovessem por toda a terra firme do planeta, hoje cortada e separada por diversos oceanos.

Naquela época, os dinossauros – como oPampadromaeus – eram minoria e certamente caçados por outros répteis

Além disso, os ecossistemas daquela época eram dominados pelos cinodontes primitivos, que milhões de anos depois deram origem aos mamíferos. Os maiores predadores do período eram formas como o Prestosuchus, que está na linha evolutiva dos crocodilomorfos. Resumindo, os dinossauros – como o Pampadromaeus – eram minoria e certamente caçados por outros répteis...

Um dos aspectos mais importantes do trabalho de Cabreira e colegas está no fato de que o achado confirma o enorme potencial das rochas do Rio Grande do Sul para solucionar uma das principais curiosidades dos amantes da paleontologia: a origem dos dinossauros, particularmente os de grande porte. Com mais trabalho de campo e novos achados, os pesquisadores brasileiros certamente estarão contribuindo para a solução desse enigma.

 

Veja um vídeo com imagens da réplica do Pampadromaeus barberenaiem vida

 

 

Berçário de dinossauros jurássicos

06/06/2014 21:39

Berçário de dinossauros jurássicos

Pesquisadores descobrem pequenos ossos e cascas de ovos de espécies herbívoras em camada de 190 milhões de anos na China. O achado permitirá entender melhor o desenvolvimento embrionário desses répteis extintos.

 

Berçário de dinossauros jurássicos

Reconstrução de um embrião de dinossauro sauropodomorfo recém-descoberto na China e atribuído ao gênero ‘Lufengosaurus’. (arte: Dave Mazierski)

Um dos grandes sonhos dos paleontólogos é encontrar camadas contendo numerosos esqueletos que representem uma única espécie. De preferência, material que mostre os diferentes estágios de crescimento, desde formas embrionárias até adultas, pois assim se pode obter uma melhor noção de como um animal extinto se desenvolvia.

É extremamente raro encontrar exemplares que retratem o desenvolvimento embrionário de um vertebrado fóssil

No entanto, mesmo nas acumulações expressivas de ossos, é extremamente raro encontrar exemplares que retratem o desenvolvimento embrionário de um vertebrado fóssil. Em se tratando de dinossauros, a maior parte dos registros desse tipo publicados até o momento provém de depósitos formados durante o Cretáceo Superior (entre 90 e 70 milhões de anos atrás). São achados esparsos e limitados a um punhado de ossos.

Agora pelo menos parte desse ‘sonho paleontológico’ acaba de ser realizada. Em umestudo publicado na prestigiosa Nature, Robert Reisz (Departamento de Biologia, Universidade de Toronto Mississauga, Ontário, Canadá) e colegas relatam a descoberta de uma camada contendo centenas de ossos de dinossauros ainda em estágio embrionário e alguns de animais que haviam acabado de eclodir.
 

A descoberta em Dawa

O material estudado pela equipe de Robert Reisz foi encontrado nas proximidades de Dawa, no município de Lufeng, localizado na província de Yunnan, no sul da China. As camadas pertencem à parte inferior da Formação Lufeng, composta por rochas sedimentares finas (argilitos e siltitos) que contêm concreções calcárias. Estima-se que elas sejam do Jurássico Inferior, com idade entre 190 e 197 milhões de anos. A acumulação dos restos de dinossauros se restringe a um nível com espessura de apenas 10 a 20 centímetros.

O conjunto estudado é formado por mais de 200 ossos, a maioria desarticulada. Restos de crânios são raros, mas vértebras e ossos apendiculares, particularmente de membros posteriores, são abundantes. Também foram encontradas cascas de ovos, que são as mais antigas de dinossauros registradas até o momento.

Esqueleto de embrião de dinossauro
Reconstrução do esqueleto de um embrião de dinossauro sauropodomorfo do período jurássico. O material encontrado na China reúne principalmente vértebras e ossos apendiculares (marcados em rosa), em especial de membros posteriores. (imagem: Reisz et al/ Nature)

A identificação de espécies a partir desse material é um tanto problemática. Pelas características gerais dos ossos, os autores chegaram à conclusão de que os restos representam uma espécie de sauropodomorfo, grupo de dinossauros herbívoros relativamente comuns nos depósitos jurássicos em todo o mundo.

No caso da Formação Lufeng, existem três espécies de sauropodomorfos conhecidas, sendo que a maioria dos registros é atribuída ao gênero Lufengosaurus. Devido a semelhanças na arcada dentária, Robert Reisz e colegas atribuíram tentativamente os embriões de dinossauros a esse gênero. Apenas para destacar a sua importância,Lufengosaurus foi o primeiro dinossauro da China a ser montado e também o primeiro a ser retratado em um selo no mundo, fatos que ocorreram em 1958.
 

Embriões e recém-nascidos

A conclusão de que os restos de Lufengosaurus encontrados pertenciam a embriões se baseia principalmente nas características paleohistológicas do material. Além do diminuto tamanho – alguns maxilares medem cerca de 5 milímetros –, os ossos não estão totalmente ossificados e pode-se perceber nas extremidades de muitos deles uma cartilagem calcificada, característica própria de animais muito jovens. Ademais, em alguns espécimes os dentes ainda estavam dentro da maxila.

Seção paleohistológica do fêmur
Seção paleohistológica do fêmur (osso da perna) de um embrião do dinossauro ‘Lufengosaurus’. O alto grau de vascularização demonstra a ossificação incompleta do animal, que deveria ter um crescimento embrionário bastante acelerado. (foto: A. Leblanc)

Também existem restos que foram atribuídos a neonatos por comparação com exemplares de sauropodomorfos do gênero Massospondylus encontrados na África do Sul. O material chinês é mais numeroso e demonstra estágios embrionários mais iniciais do que os restos africanos, que, aliás, também foram estudados pelo grupo de Robert Reisz, em 2010.

Entre as importantes novidades científicas proporcionadas pela descoberta em Dawa, os autores puderam estabelecer como o fêmur, principal osso da perna, se desenvolvia nessa espécie de dinossauro. A partir de um total de 24 exemplares de fêmur cujos tamanhos variam de 2,6 a 4,5 milímetros, Robert Reisz e colegas determinaram que o crescimento embrionário desses répteis deveria ser bastante rápido e, tão logo os animais eclodiam do ovo, utilizavam sua musculatura, o que é evidenciado pelo desenvolvimento de uma projeção do fêmur (o quarto trocânter).
 

Frágeis e preservados

O achado suscitou uma dúvida sobre como ocorreu a preservação desses ossos, todos bastante frágeis. Como o material está desarticulado, ou seja, não existem esqueletos completos, um evento catastrófico foi descartado. Também está claro que ossos de diferentes ninhos foram misturados.

A hipótese mais provável é que se trata de uma região de reprodução que foi lentamente inundada, com correntes relativamente fracas que espalharam e transportaram ossos e cascas de ovos por uma pequena distância. Essas observações são corroboradas pela ausência de estruturas típicas de ninhos, que deveriam estar presentes se um evento único tivesse soterrado o local. 
 

Veja abaixo um vídeo com imagens da descoberta

Como comentário final, não posso deixar de ressaltar: de novo na China! Somente nas últimas semanas foram publicados uns quatro trabalhos na Nature e Science sobre descobertas paleontológicas chinesas que se destacaram (convém frisar, merecidamente) na mídia em todo o mundo.

Reflito um pouco e não fico surpreso. O financiamento da ciência naquele país asiático, que há muito deixou o Brasil para trás, é constante e vigoroso, ao contrário do que acontece no nosso país. Em termos de apoio para o estudo de fósseis, alguns projetos dos meus colegas chineses chegam a receber milhões de dólares americanos, enquanto aqui verba para pesquisa paleontológica talvez seja ainda mais rara do que a descoberta de embriões fósseis. Quem sabe algum dia...

Alexander Kellner
Museu Nacional/UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
 

Paleocurtas

As últimas do mundo da paleontologia
(clique nos links sublinhados para mais detalhes)

 

Antes dos dinossauros

06/06/2014 21:36

Antes dos dinossauros

Mais antigos que os dinossauros, os ‘pelicossauros’ chegaram a ser os vertebrados dominantes na Terra entre 300 e 250 milhões de anos atrás.

Antes dos dinossauros

O desenho reproduz a aparência de um ‘Edaphosaurus’, ‘pelicossauro’ herbívoro que viveu há cerca de 300 milhões de anos. (imagem: Wikimedia Commons/ ДиБгд)

Muitas vezes recebo mensagens de colegas e leitores perguntando como escolho os temas de minha coluna. Geralmente procuro destacar novidades que acabam de ser publicadas ou tomo por base dicas que recebo de pesquisadores. Mas também recebo sugestões de leitores sobre temas interessantes. Esse é o caso da proposta de Jéssica Reis, que pediu para que eu escrevesse sobre os ‘pelicossauros’.

Confesso que no início a ideia não me entusiasmou tanto. Mas isso mudou à medida que ia preparando o texto. Além de possibilitar a divulgação de uma obra de revisão recém-publicada sobre esses animais, o tema permite falar de vertebrados que antecederam os dinossauros no domínio dos ambientes terrestres e torna possível mencionar a principal extinção em massa ocorrida no planeta. Além disso, escrever sobre os ‘pelicossauros’ acaba nos levando a falar sobre o início da carreira de um importante pesquisador brasileiro.

A obra mencionada intitula-se Primeiros estágios da história evolutiva dos sinapsídeos(tradução livre de Early evolutionary history of the Synapsida). Esse livro, o mais recente sobre os ‘pelicossauros’, foi publicado pela editora Springer e editado por Christian Kammerer, Kenneth Angielczyk e Jörg Fröbisch. Os capítulos abordam os principais aspectos desses vertebrados e foram escritos pelos pesquisadores que mais os estudaram. Mas, afinal, como eram esses animais?
 

Os amniotas

Para explicar o que são os ‘pelicossauros’, temos que entender primeiro os amniotas, grupo de vertebrados que desenvolveram uma membrana (chamada amniótica) para proteger o embrião. Tal característica os tornou menos dependentes da água para seu desenvolvimento embrionário e evitava que eles tivessem que passar por um estágio larvar seguido de metamorfose, como ocorre com os anfíbios. Geralmente os amniotas possuem ovos de casca dura que podem ser postos em terra firme e não mais dentro de corpos aquosos. Eles podem ser divididos em dois grandes grupos: os répteis e os sinapsídeos.

Para explicar o que são os ‘pelicossauros’, temos que entender primeiro os amniotas, grupo de vertebrados que desenvolveram uma membrana (chamada amniótica) para proteger o embrião

De forma simplificada, dentro do agrupamento Reptilia encontramos os dinossauros, pterossauros e crocodilomorfos (e muitos outros), enquanto os Synapsida reúnem os mamíferos e formas aparentadas. Não conhecemos um ancestral direto que teria dado origem aos amniotas, mas podemos dizer que deve ter sido um animal que estava perdendo os hábitos anfíbios e pelo menos iniciando o desenvolvimento do ovo amniótico.

Entre os primeiros vertebrados que podem ser classificados como Amniota, alguns têm características semelhantes aos mamíferos, como uma abertura na parte posterior do crânio, distinta da que se observa nos répteis (na região lateral, após a órbita). Dessa condição, denominada sinápsida, deriva o nome do grupo. Por outro lado, a dentição mais uniforme e o aspecto do corpo que lembra superficialmente os répteis levaram os pesquisadores a se referir a esses vertebrados como “répteis mamaliformes”, que foram classificados em um grupo denominado ‘Pelycosauria’.

Hoje se evita esse termo, já que é um agrupamento considerado parafilético, isto é, incompleto, não reunindo todos os organismos que representam a história evolutiva do grupo. Por isso usamos o termo ‘pelicossauros’, entre aspas, significando uma aplicação mais informal.

Edaphosaurus
Esqueleto de ‘Edaphosaurus’ montado no Museu Field, em Chicago, Estados Unidos. Sua marca peculiar é a presença de vértebras com espinho neural alto, formando uma espécie de vela no dorso. (imagem: Andrew Y. Huang/ Wikimedia Commons – CC BY-SA 3.0)

Dessa forma, os ‘pelicossauros’ não são répteis, mas sinapsídeos basais. As espécies mais antigas foram encontradas em rochas da Nova Escócia, no Canadá, cuja idade varia de 314 e 311 milhões de anos. Cabe salientar que o réptil mais antigo que se conhece (Hylonomus, de crânio do tipo anápsida, ou seja, desprovido de aberturas temporais) também foi encontrado nos mesmos depósitos.

A maioria desses ‘pelicossauros’ foi encontrada na Europa e América do Norte. Eles se extinguiram durante o Permiano, alguns milhões de anos antes da maior extinção em massa ocorrida na Terra, há cerca de 252 milhões de anos (o limite Permiano-Triássico). Estimativas sugerem que cerca de 95% das espécies marinhas e perto de 70% da formas terrestres se extinguiram. Esse evento foi bem mais intenso e destrutivo que a extinção em massa ocorrida há 66-65 milhões de anos, que dizimou a maioria dos dinossauros e diversos outros grupos de vertebrados.
 

Edaphosaurus e Dimetrodon

Voltemos aos sinapsídeos basais, os ‘pelicossauros’. São conhecidos seis principais grupos (Caseidae, Edaphosauridae, Eothyrididae, Varanopidae, Ophiacodontidae e Sphencodontia), e todos eles desenvolveram estratégias alimentares diferentes.

Os sinapsídeos basais mais famosos talvez sejamEdaphosaurus eDimetrodon

Os sinapsídeos basais mais famosos talvez sejam Edaphosaurus e Dimetrodon. Com base no exame de sua dentição,Edaphosaurus é tido como forma herbívora que se alimentava de plantas de folhas espessas e resistentes. Tinha cabeça relativamente pequena se comparada com o corpo. Mas sua característica mais peculiar é a presença de vértebras com o espinho neural bastante alto, formando uma espécie de vela no dorso.

E o mais curioso: havia numerosas projeções laterais, diferentes de tudo o que se conhece hoje e cuja função é totalmente ignorada. Alguns pesquisadores defendem que essa vela poderia ter auxiliado o animal a controlar a temperatura de seu corpo ou ter servido para que membros de uma mesma espécie pudessem se reconhecer mais facilmente. Há ainda os que defendem ser esse tipo de estrutura destinada a distinguir machos e fêmeas ou mesmo servir para a atração sexual.

Outro exemplo de sinapsídeo basal é o Dimetrodon. Tendo vivido na mesma época que o Edaphosaurus (há cerca de 300-270 milhões de anos), essa forma possuía um crânio bem maior e dentes que sugerem hábitos de predador. Dimetrodon também desenvolveu uma vela na região dorsal do esqueleto, ainda maior que a de seu companheiro herbívoro (que talvez tenha sido sua presa). Mas ela é diferente, por não possuir as enigmáticas projeções laterais.

Dimetrodon
Esqueleto de ‘Dimetrodon’, sinapsídeo basal (‘pelicossauro’) predador, depositado no Staatliches Museum für Naturkunde Karlsruhe, Alemanha. (imagem: H. Zell/ Wikimedia Commons – CC BY-SA 3.0)

É importante frisar ainda que, quando se fala nos sinapsídeos basais, não se pode deixar de mencionar o pesquisador brasileiro Llewellyn Ivor Price (1905-1980), que iniciou sua carreira ao lado do famoso paleontólogo americano Alfred Sherwood Romer (1894-1973). Com este, Price aprendeu a base da pesquisa de répteis fósseis.

Um dos primeiros trabalhos de Price, publicado em coautoria com Romer, foi justamente uma revisão dos ‘pelicossauros’. Embora tendo havido diversas mudanças no conhecimento desses sinapsídeos basais graças ao desenvolvimento de novas técnicas e à descoberta de mais exemplares, a obra de Romer e Price, publicada em 1940, ainda é considerada um verdadeiro marco no estudo desses vertebrados.

 

Um carnívoro raro

06/06/2014 21:33

                                       Um carnívoro raro

 
Um carnívoro raro

Duas representações artísticas da nova espécie de dinossauro da Argentina. À esquerda, o Austroraptor está atacando um dinossauro saurópode; à direita, detalhes da provável aparência da face do réptil.

Acaba de ser descrita uma forma rara de dinossauro carnívoro encontrada na Argentina. Austroraptor cabazai é o nome da fera. Como é comum com fósseis, somente se conhece um esqueleto incompleto desse réptil, formado pelo crânio, mandíbula, vértebras do pescoço e do dorso, restos de membros e outros pedaços. O material foi encontrado 90 quilômetros a sudoeste da cidade de Lamarque, onde afloram as rochas da Formação Allen, cuja idade é estimada em torno de 70-72 milhões de anos.

No alto, a representação artística do Austroraptor cabazai, o dinossauro carnívoro argentino que acaba de ser descrito. Embaixo, um esquema que mostra as partes do esqueleto a partir das quais a espécie foi descrita (reprodução /Proceedings of the Royal Society B).

Em se tratando de um dinossauro carnívoro, a descoberta por si só já seria motivo de comemoração, visto que eles são raros em toda a América do Sul, no Brasil inclusive. Mas a surpresa maior veio com a classificação da nova espécie, feita a partir dos ossos que estão guardados no Museu Municipal de Lamarque, na província de Rio Negro. Ao examinar esse material, a equipe do paleontólogo Fernando Novas, do Museu Argentino de Ciências Naturais, em Buenos Aires, constatou que o Austroraptor é um legítimo representante do grupo Dromaeosauridae. 

Para os desavisados, são justamente os dromeossaurídeos os dinossauros que, junto com outro grupo (os troodontídeos), são tidos como os parentes mais próximos das aves. Aliás, todas as aves, incluindo o Archaeopteryx – a mais primitiva que se conhece – estão em um grupo tecnicamente chamado de Avialae. Representantes dos dromeossaurídeos são encontrados principalmente nos Estados Unidos e na Ásia, destacando-se nos últimos anos as dezenas de espécimes coletadas nas famosas camadas chinesas de Yixian e Jiufotang. 

O dromeossaurídeo mais famoso vem da Mongólia e se chama Velociraptor – trata-se de uma das espécies que mais aterrorizaram os espectadores nos filmesJurassic Park. Na América do Sul, antes do Austroraptor, eram conhecidas apenas três espécies desse grupo, entre as quais a Unenlagia paynemilli, procedente dos depósitos de cerca 90 milhões de anos situados às margens do Lago Barreales.

Esqueletos dos dromeossaurídeos Deinonychus, da América do Norte (com cerca de 3 metros), e Buitreraptor, da Argentina (cerca de 1 metro). Com 5 metros, o Austroraptor era ainda maior do que a forma norte americana. Os exemplares da imagem estão expostos no Field Museum, em Chicago (EUA). Foto: Alexander Kellner.

O mais completo dinossauro sul-americano desse grupo é o Buitreraptor, também encontrado na Argentina. No Brasil, excetuando-se alguns possíveis registros de dentes, não se encontrou nenhum representante do grupo. O único outro dromeossaurídeo encontrado ao sul da linha do Equador (nas terras que outrora formavam o supercontinente Gondwana) é o Rahonavis, de Madagascar. 

O ladrão do sul 
Austroraptor, cujo nome literalmente significa "o ladrão do sul", se diferencia dos demais dromeossaurídeos por possuir braços relativamente curtos, mas que não chegavam a ser tão diminutos como os do Tyrannosaurus rex ou do Carnotaurus – formas de grande porte da América do Norte e Argentina, respectivamente. 

O réptil encontrado na Argentina possui um crânio bem alongado e dentes curtos de forma cônica e desprovidos de serrilhas, o que é bastante incomum nas espécies carnívoras, inclusive nos outros dromeossaurídeos. Além disso, a dentição da nova forma argentina era constituída de quase 50 dentes na arcada superior – número bem superior ao de seus parentes dos continentes do norte, que tinham entre 18 e 30 dentes. 

Outra característica que chama atenção no Austroraptor é o tamanho. Segundo a descrição da espécie, publicada na Proceedings of the Royal Society B, o réptil argentino tinha aproximadamente 5 metros do focinho até a ponta da cauda – fato bastante curioso para um grupo que deu origem às aves, cujas formas primitivas possuem porte bem menor. 

Nesse sentido, a descoberta do Austroraptor corrobora um estudo anterior, realizado por paleontólogos americanos e publicado pela Science em 2007. Esse estudo, realizado pela equipe de Alan Turner, do Museu Americano de História Natural, em Nova York (EUA), determinou que os dromeossaurídeos mais primitivos eram de tamanho relativamente pequeno, comparável ao das primeiras aves.

O esquema representa o tempo geológico em que viveram e o tamanho relativo de várias espécies do grupo Avialae (que engloba todas as aves), incluindo os troodontídeos e os dromeossaurídeos – os dinossauros mais próximos das aves. Note que existem três linhagens de dromeossaurídeos que tiveram formas de grande porte (números 1 a 3) e uma nos troodontídeos (número 4). A silhueta do Austroraptor, cujo comprimento estimado é de 5 m, está em vermelho. Desenho modificado a partir do trabalho de Turner et al. (2007), Science417:1378-1381 (clique na imagem para ampliá-la).

A equipe de Turner observou ainda que três linhagens distintas de dromeossaurídeos tiveram a tendência de aumentar de tamanho: Utahraptor (eAchillobator), Deinonychus Unenlagia. A essa última, adiciona-se o Austroraptorque, até a presente data, é o maior dromeossaurídeo achado na América do Sul. 

O estudo argentino levanta ainda outra hipótese: a de que, na região sul da América do Sul, no final do Cretáceo os dromeossaurídeos de grande porte tiveram uma grande importância, tornando-se possivelmente os dinossauros carnívoros dominantes e, de certa forma, ocupando o nicho de grandes predadores como oGiganotosaurus e o  Carnotaurus, que se extinguiram antes do final do Cretáceo. 

São necessários mais dados – ou melhor, fósseis de mais dinossauros de outras partes da América do Sul, inclusive do Brasil, para se estabelecer se esse domínio dos dromeossaurídeos de grande porte (acima de 5 metros) se estendeu por todo o continente. 

De qualquer forma, a fabulosa descoberta do Austroraptor, que tinha um crânio alongado de quase 80 centímetros e dentição peculiar, contribui para demonstrar como eram diversificados os dinossauros carnívoros. Agora só falta encontrar um representante brasileiro desse grupo...

 

Aucassauro

06/06/2014 21:06

 Aucassauro

 

    O Aucassauro cujo nome tem origem no idioma Mapuche, onde Auca Mahuida é o local onde fora encontrado, significando "lagarto de Auca" e "garridoi" em homenagem a seu descobridor o geólogo Alberto Garrido. Viveu há aproximadamente 78 milhões de anos atrás durante o período Cretáceo nos arredores do vulcão Auca Mahuida na cidade de Neuquén na Argentina.
Seus fósseis foram descobertos no Subgrupo Rio Colorado na Formação Anacleto, sendo descritos em 1999 baseados em um dos mais completos esqueletos de Abelissaurídeos já descobertos e atualmente estão depositados no museu Cármen Funes em Plaza Huincul.

Dados do Dinossauro:
Nome Comum: Aucassauro
Nome Científico: Aucasaurus garridoi
Época: Cretácio Superior, Campaniano
Local onde viveu: Argentina
Peso: Cerca de 1,5 toneldas
Tamanho: 9 metros de comprimento

Alimentação: Carnívora..

Argentinossauro

06/06/2014 21:03

 Argentinossauro

   

   O Argentinossauro huinculensis cujo nome significa "Réptil argentino de Huincul" em homenagem a cidade onde foi encontrado, foi sem dúvida um dos maiores animais que já existiram na face da Terra.Este gigantesco saurópode pertence a infra-ordem Neosauropoda, super-família Titanosauroidea e a família Andesauridae.
   Em 1987 o fazendeiro Guillermo Heredia encontrou em sua propriedade, na província de Neuquén, Argentina, enormes fósseis que inicialmente identificou como troncos petrificados. Seu maior espanto foi quando percebeu, mais tarde, que na verdade estava diante de ossos enormes fossilizados. Imediatamente ele chamou o paleontólogo Rodolfo Coria e sua equipe, do Museu Carmen Funes em Plaza Huincul, cidade da região da Patagânia, que reconheceram o material como sendo de um enorme dinossauro desconhecido.Em 1989 sua equipe começa a escavação que levou vários meses, e conseguiu retirar da rocha poucos fósseis de gigantescas proporções, como Vértebras, tíbias, ossos da pélvis e algumas costelas, que demonstraram desde o início que se tratava de um novo dinossauro, maior todos os outros já descobertos e com o auxílio do Dr. José Bonaparte, do Museu de Buenos Aires, ele fez um estudo que levou 4 anos para se concluir. Finalmente em 1993 foi anunciado ao mundo científico a nova espécie.
   Nas imagens acima, a primeira mostra um enorme Argentinossauro sendo caçado por um grupo de Giganotossauros, a segunda mostra uma comparação entre um elefante Africano, que é o maior animal terrestre existente no planeta, um Braquiossauro (cinza), com aproximadamente 13 metros de altura e o Argentinossauro (marrom), com 20 metros de altura. E na quarta imagem temos três grandes recordistas do mundo animal, o primeiro da esquerda é um Argentinossauro ( o animal terrestre mais pesado, 100 toneldas ), o segundo no meio é um Sauroposeidon ( o animal terrestre mais alto, 25 metros ) e o último da direita é um Seismossauro ( o animal terrestre mais comprido, 52 metros ), temos também um pequeno ser humano em tamanho proporcional para verificarmos as gigantescas dimensões desses animais.
    Os Argentinossauros tinham vértebras muito rígidas. Sua flexibilidade foi sacrificada por causa do imenso peso. Eles viveram há aproximadamente 90 á 66 milhões de anos atrás, com maior intensidade de achados na Patagônia Argentina.
    Punham ovos do tamanho de uma bola de futebol, isto é, nasciam desproporcionalmente pequenos. Cientistas acreditam que aos 5 anos teria o tamanho de um pastor alemão, aos 15 teria o tamanho de um cavalo e só seriam adultos aos 50 anos.
    Supõe-se que tivessem sangue frio, pois com o sangue quente, teriam que ingerir 5 ou 6 toneladas de folhas por dia, uma quantidade teoricamente impossível para uma cabeça tão pequena. Mas com sangue frio necessitariam ingerir "apenas" 1 tonelada, mas isso é apenas uma teoria sobre os saurópodes e existem várias delas.

Dados do Dinossauro:
Nome: Argentinossauro
Nome Científico: Argentinosaurus huinculensis
Época: Cretáceo
Local em que viveu: América do sul
Peso: Cerca de 90 á 110 toneladas
Tamanho: 20 metros de altura e 45 metros de comprimento
Alimentação: Herbívora

Avaceratops

06/06/2014 21:01

 Avaceratops

    O Avaceratops se distinguia dos outros dinossauros por um pequeno chifre sobre o nariz e um osso de enfeite, que parecia um colar em volta do pescoço. Provavelmente o chifre servia para protegê-lo da maioria dos dinossauros carnívoros.
    Sendo herbívoro, o Avaceratops arrancava caules e troncos com sua boca especial, que funcionava como um bico de papagaio. Seus dentes afiados, localizados na parte posterior do maxilar, se encarregavam de separar as folhagens da madeira. Acredita-se que esses animais viviam em grandes grupos que perambulavam pelas planícies da América do Norte.
    É bem possível que o Avaceratops corresse com as pernas musculosas que possuía. Ao correr, balançava o pesado rabo no ar.
    Até hoje, apenas uma parte do Avacerátops foi encontrada. Isso em 1981, em Montana, nos EUA. Até 1988, não tinha nome.

Dados do Dinossauro:
Nome: Avaceratops
Nome Científico: Avaceratops lammersi
Época: Cretáceo
Tamanho: 1,0 metros de altura e 2,5 metros de comprimento

Alimentação: Herbívoro ode escrever aqui...

Archaeopteryx

06/06/2014 21:00

 Archaeopteryx

 

     O Archaeopteryx é a ave mais antiga que se conhece, conviveu com os dinossauros do período Jurássico e talvez ainda seria considerado como um dinossauro se não fosse o fato de suas penas terem se fossilizado. Um dos primeiros esqueletos de Archaeopteryx encontrados foi atribuído a um compsognathus. O Archaeopteryx tinha dentes e possuía ossos na cauda como um pequeno dinossauro, nas asas ainda possuía três dedos, que serviriam para agarrar os galhos das árvores e auxiliar na subida das mesmas. A questão questão que gera dúvidas é o fato de o Archaeopteryx não possuir o esterno (robusto osso provido de uma quilha que as aves tem no peito, onde se inserem poderosos músculos que permitem o bater de asas para o vôo), no entanto o Archaeopteryx possuía o chamado "osso da sorte" ou "forquilha " típico das aves.
    Não se sabe ao certo se o Archaeopteryx poderia levantar vôo e voar como as aves, mas sem dúvida "voava" de galhos em galhos, dava saltos enormes impulsionados pelas asas (como as galinhas o fazem atualmente) e planava caçando insetos nas matas do Jurássico.

Dados da Ave:
Nome: Archaeopteryx
Nome Científico: Archaeopteryx lithographica
Época: Jurássico
Local onde viveu: Europa
Peso: Cerca de 1 quilo
Tamanho: 1 metro de comprimento

Alimentação: Carnívora crever aqui...

Antarctossauro

06/06/2014 21:00

 Antarctossauro

 

    O Antarctossauro cujo nome significa " Lagarto antarctico" viveu durante o período Cretáceo  há aproximadamente 90 milhões de anos atrás no Brasil, foi sem dúvida um dos maiores dinossauros encontrados no Brasil, este enorme saurópode podia atingir 40 metros de comprimento, viveu também na Argentina, Chile e Uruguai. Deveria andar em enormes manadas, com os filhotes protegidos no centro das mesmas, migrando de região para região assim que o alimento começava a acabar, pois animais enormes assim deveriam comer muito para se manterem e devastavam enormes áreas em busca de alimento. Essa espécie ainda não foi devidamente aceita, sua classificação ainda é questionável.

Dados do Dinossauro:
Nome: Antarctossauro
Nome Científico: Antarctosaurus brasiliensis
Época: Cretáceo
Local onde Viveu: Brasil
Peso: Cerca de 60 toneladas
Tamanho: 40 metros de comprimento

Alimentação: Herbívora r aqui...

Anquilossauro

06/06/2014 20:58

 

 Anquilossauro

 

 

    O Anquilossauro cujo nome significa "lagarto fundido", por causa de sua excepcional armadura corporal, viveu há aproximadamente 65 milhões de anos atrás durante o fim do períodoCretáceo nos EUA. A única parte de seu corpo vulnerável era a barriga, por isso só seria morto por predadores quando estivesse de barriga pra cima. Sua cauda tinha uma espécie de clava, na ponta, de osso puro e fortemente presa a ela. Poderia quebrar a perna de um Tiranossauro Rex com um só golpe. Tinha um crânio de quase 1 metro de comprimento, muito largo e adaptado para pastar, não para alcançar vegetação mais alta.

Dados do Dinossauro:
Nome: Anquilossauro
Nome Científico: Ankilosaurus magniventris
Época: Cretáceo
Local onde viveu: América do Norte
Peso: Cerca de 7 toneladas
Tamanho: 10 metros de comprimento
Alimentação: Herbívora

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